Quando a chuva aperta, a resposta precisa ser rápida e técnica. Foi com esse foco que vinte bombeiros militares e comunitários de Brusque, Botuverá, Blumenau e Gaspar participaram, nos dias 2 e 3 de outubro, de um treinamento de busca e resgate em inundações e enxurradas ao longo do Rio Itajaí-Mirim, em Botuverá. A atividade foi tema do Conexão 92 desta terça-feira (7), com o comandante da 3ª Companhia, capitão Rafael de Faveri, o soldado Lemos e os bombeiros comunitários Soibert e Calixto.
Segundo o capitão, a capacitação é específica para cenários de chuva acima da normalidade e água em movimento. “O treinamento de busca e resgate em inundações e enxurradas é um treinamento específico... para atuar naquelas situações em que chove além da normalidade”, explicou. Ele também lembrou a diferença entre inundação (alagamento sem correnteza) e enxurrada (com forte velocidade da água), realidade que o trecho do rio em Botuverá permite simular com fidelidade.
Na prática, o grupo treinou manobras com botes infláveis (a remo e a motor), descidas em corredeiras, técnicas de desvirar a embarcação, uso correto de EPI, com destaque para o colete salva-vidas, e o método “isca-viva”, quando um bombeiro entra ancorado por cabo para alcançar a vítima e ser reboqueado à margem. “O treinamento se aproximou muito da realidade... a vazão estava bastante elevada**, devido às chuvas”, relatou o soldado Lemos.
Para o bombeiro comunitário Soibert, que atuou como voluntário nas cheias do Rio Grande do Sul, a vivência em desastres acelera a evolução doutrinária: “Cada ocorrência a gente acaba aprendendo um pouco mais”. De Faveri confirmou: o episódio gaúcho foi “divisor de águas” para incorporar novas ferramentas, como moto aquática e botes a motor, com protocolos de segurança ajustados a áreas alagadas com obstáculos.
Equipamento não é gargalo para a primeira resposta na microrregião. “Hoje Brusque em si tá bem equipado, claro, numa calamidade maior vamos precisar de apoio de outros quartéis”, disse o capitão. A prevenção e a integração com a Defesa Civil também avançaram com sistemas de alerta e monitoramento, lições que remontam à enchente de 2008, a última grande de Santa Catarina, lembrada no programa.
Recém-formado como comunitário, Calixto destacou o ganho de confiança no material e nas técnicas: “Se acontecer algo, acredito que eu tô apto pra atuar em qualquer situação”.
A equipe agradeceu ao seu João, que cedeu o sítio no Salto das Águas Negras para logística e acesso ao rio durante o treinamento, gesto que ajuda a transformar preparo em prontidão real quando a água sobe.




