O Rádio Revista Cidade desta quinta-feira (4) recebeu os sargentos José Duarte e Guilherme André Sedrez, instrutores do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), para falar sobre a grande formatura realizada na semana passada em Brusque. O evento, que celebrou mais uma edição do programa, lotou a Arena Brusque, reunindo cerca de 7 mil pessoas, entre alunos, pais e familiares.
Segundo os instrutores, a formatura do Proerd é hoje um dos maiores eventos familiares do município. Foram aproximadamente 2 mil crianças concluindo o programa e quase 5 mil pais e responsáveis presentes na arena. Duarte explicou que, ao final de cada edição, a equipe do Proerd se reúne para avaliar o que deu certo e o que precisa ser ajustado.
A partir dessas anotações, o planejamento da próxima formatura já começa no início do ano, sempre com foco na segurança, na organização e na participação das famílias. Para facilitar a logística, as escolas são divididas por cores, o que ajuda na localização das turmas dentro da arena e no controle de entrada e saída. Também são definidas rotas de emergência, instruções para os pais e detalhes como distribuição de água e orientações de segurança.
“É um evento que enche a arena, estacionamento e tudo mais. É o único em Brusque com esse volume de público”, destacou o sargento.
Mais do que a formatura, os sargentos explicaram a essência do Proerd dentro das salas de aula. O programa em Brusque atende principalmente alunos do 5º ano do ensino fundamental, com idades entre 10 e 11 anos, uma fase considerada estratégica na formação da personalidade.
De acordo com Sedrez, o foco atual do Proerd é ensinar as crianças a tomar decisões responsáveis. O método é baseado em um modelo de quatro etapas: definir a situação, analisar opções, tomar a decisão e avaliar as consequências.
Os temas abordados incluem álcool, cigarro, outras drogas, convivência e respeito, sempre conectados à realidade dos estudantes. Muitas situações vivenciadas em casa ou na comunidade aparecem nas atividades, mas são trabalhadas com cuidado para evitar exposição:
Uso da “caixinha do Proerd”, onde os alunos podem escrever dúvidas e relatos de forma anônima;
Combinados em sala para nunca citar nomes, substituídos por expressões como “alguém que eu conheço”.
A partir daí, os policiais ajudam as crianças a refletir se aquele comportamento é realmente positivo e quais consequências pode trazer no futuro.
“Muitas vezes, o álcool é visto só como festa. Quando mostramos que também pode gerar mal-estar, brigas e sofrimento, eles começam a associar isso ao que veem em casa e entender que não é só coisa boa”, explicou Sedrez.
Os instrutores relataram que o efeito do Proerd vai além da escola. É comum que pais relatem ter levado “puxão de orelha” dos filhos após as aulas, principalmente em situações como dirigir sem cinto, exagerar no álcool ou normalizar certos comportamentos.
Para Duarte, que atua no programa desde 2009, a maior recompensa está nos encontros com ex-alunos, já adultos: “Já encontrei ex-alunos formados em faculdade, casados, com filhos. Outro dia vi a formatura de um ex-aluno em Medicina e ele me chamou de professor. Isso é muito gratificante”.
Sedrez, que está no Proerd desde 2013, confirma que é comum ser abordado em locais públicos por jovens e adultos que passaram pelo programa: “Às vezes eles não lembram o nome do policial, mas lembram do Proerd, da música, das aulas. São histórias que marcam”.
Brusque hoje é considerada referência estadual na execução do Proerd. O programa atende 100% das escolas de Brusque, Guabiruba e Botuverá, com turmas regulares e formaturas que reúnem milhares de pessoas.
Duarte, que caminha para a aposentadoria na atividade ostensiva, adiantou que deve seguir ligado ao programa como mentor, ajudando na formação de novos instrutores e na continuidade do projeto. Segundo ele, Brusque se destaca não só pela adesão das escolas, mas pelo envolvimento da comunidade e pelo apoio de empresas e parceiros que contribuem para a realização das formaturas e das atividades ao longo do ano.
Ao final da entrevista, os sargentos agradeceram aos colaboradores e reforçaram que o investimento em prevenção é também economia para o Estado e proteção para as famílias:
“Cada criança que aprende a dizer não às drogas, a tomar boas decisões e a pensar nas consequências, é uma vida que se afasta da violência e dos riscos. É um trabalho silencioso, mas que transforma o futuro”, resumiu o sargento.



